Dr. Islando Souza compartilha as dificuldades de empreender na área farmacêutica
Dr. Islando Souza compartilha as dificuldades de empreender na área farmacêutica
Nem sempre as coisas acontecem conforme o planejado, por mais que lutemos para tudo dar certo. Dr. Islando Souza, de 48 anos, tem uma história no empreendedorismo farmacêutico que pode te ajudar de alguma forma.
Dr. Islando começou sua carreira na área Química. Ele já trabalhava em uma Indústria Química e tinha afinidade por bulas de medicamentos quando ficou em dúvida entre Medicina e Farmácia. Como não apreciava o ambiente hospitalar, optou pelo curso de Farmácia.
A oportunidade de empreender surgiu quando ele estava prestes a se formar. Dr. Islando encontrou uma farmácia vendendo toda a sua estrutura por um preço acessível. Ele tinha a intenção de montar uma farmácia depois de um ano de formado, e a oportunidade antecipou seus planos.
A Farmácia Souza’s funcionou durante 6 anos, mas já não funciona mais. O empreendimento deu um bom retorno depois de 6 meses de funcionamento, mas o mercado mudou no bairro de Engomadeira, em Salvador-BA, onde Dr. Islando atuava. Outras farmácias começaram a se estabelecer no local, acirrando a concorrência de pouco mais de 15 mil habitantes entre 7 Farmácias, segundo Dr. Islando.
Apesar do diferencial da atuação do farmacêutico e do atendimento de excelência da equipe, Dr. Islando fechou a farmácia porque “o trabalho não compensava a renda. A presença de várias farmácias, mesmo de qualidade inferior, causava uma grande queda na lucratividade”.
Hoje, Dr. Islando é responsável técnico e faz parceria com um amigo proprietário de farmácia. Mas, sem dúvida, ele tem muita experiência a respeito de empreender na área farmacêutica. Confira a entrevista:
1. Sei que sua farmácia fechou por conta da concorrência no bairro em que atuava. Mas, se você pudesse refazer suas ações, o que mudaria para evitar isso?
R: Quando abri a Farmácia foi por oportunidade, e quando fechei foi por análise de compensação Financeira. É claro que mudaria várias situações, ainda continuo analisando pois pretendo abrir novamente assim que chegar na aposentadoria. Primeiro eu investiria muito mais tempo no estudo do sistema de farmácia para que entre em operação de forma completa, pois funciona como se fossem dois funcionários. Segundo, teria a garantia do acompanhamento do controle de estoques. E em terceiro lugar, teria uma parceria, pois são várias ações dentro de uma Farmácia, e a parte Administrativa de fato ocupa bastante tempo para se ter a garantia de sucesso. A parceria é pra dar uma liberdade para pensar fora da caixa e para atuar melhor como Farmacêutico, buscando aliar a satisfação pessoal com a financeira.
2. Quais foram suas maiores dificuldade como empreendedor?
R: Sem dúvidas, a parte Administrativa é muito difícil e tem que ser enfrentada como um desafio diário. Como na época eu era empreendedor e também empregado na educação, essa conciliação dos dois foi a minha maior dificuldade.
3. O que te motivava mais como empreendedor e proprietário de farmácia?
R: Ser o diferente entre várias, pois ter o reconhecimento que você faz um trabalho de qualidade, mesmo com um retorno financeiro aquém do desejável, fez com que eu continuasse motivado por seis anos e ainda faz com que eu pense abrir uma nova Farmácia daqui há alguns anos.
4. Se tivesse oportunidade de voltar a empreender na área farmacêutica, o que faria de diferente no seu empreendimento?
R: Estudaria bastante as opções de Sistemas de Farmácia, buscando conciliar a parte administrativa com as ações farmacêuticas. Buscaria uma parceria, já que pretendo avançar nas Ações Farmacêuticas e de fato não dividiria minha atenção com atividades financeiras, por isso imagino que seja um projeto para depois da aposentadoria.
5. O que você considera que pode ser feito para motivar mais farmacêuticos a empreenderem?
R: Eu cursei Farmácia na UFBA, e a atenção ao lado administrativo se resumia a um semestre de estudos. Isso é muito pouco. Não havia estímulos em parcerias, sendo que em diversas outras profissões existem, principalmente na área de saúde. Outro ponto interessante é que desde o início sejam oferecidas possibilidades de estágios com acompanhamento nas diversas áreas em que o Farmacêutico atua, sempre com muita clareza e apresentando que o Farmacêutico tem que ir além do seu conhecimento profissional e avançar em direção ao administrativo.
6. Qual conselho você daria para um farmacêutico que quisesse começar a empreender na área farmacêutica?
R: Escolha o campo de atuação farmacêutica que você tem mais afinidade, pois a concorrência existe em todos. Então, se você tem a afinidade aumenta a possibilidade de ser criativo para driblar as situações difíceis que sempre aparecem. Já vi vários colegas escolhendo caminhos que depois se arrependeram. Uma coisa bastante importante é: se o seu negócio não estiver decolando, não tem problema em voltar atrás, não se sinta um fracasso, pois a grande maioria dos negócios nesse país não dura 5 anos. Erga a cabeça e siga em frente.
E para enfrentar as Grandes Redes, na questão de poder de compra, senti falta do Conselho. Acho que o Conselho poderia atuar juntando os Farmacêuticos no objetivo de aumentar o poderio de concorrência desses profissionais e sua própria área.
O Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia está trazendo uma série de entrevistas com farmacêuticos empreendedores porque acreditamos no potencial da nossa categoria. Mas também sabemos que empreender não é fácil, que exige dedicação e coragem. Esperamos que mostrar histórias de experiências de pessoas que empreenderam na área farmacêutica possa te motivar de alguma forma a seguir as suas aspirações para conquistar o que você quer e tentar atingir tudo que sonhou para sua carreira.
Para críticas, elogios e sugestões de pautas entrem contato com a ASCOM pelo e-mail ascom@http://site1392992153.provisorio.ws/site.