CRF-BA repudia comentário de apresentador local
O Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia (CRF-BA) solicitou direito de resposta na defesa pública das nossas atribuições, depois que o senhor Varela, apresentador do Programa Balanço Geral – emissora Record Bahia, teceu comentário em que manifesta sua preferência por médicos veterinários, a profissionais farmacêuticos.
Além de comunicado em repúdio ao conteúdo do vídeo, transmitido no dia 24 de setembro de 2013, outras medidas cabíveis foram tomadas. Abaixo, a Carta de Repúdio do CRF-BA na íntegra:
NOTA DE REPÚDIO
O Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia divulga nota repudiando o pronunciamento do senhor Raimundo Varela, no programa Balanço Geral da Rede Record, do dia 24 de setembro, às 12 horas, declarando a sua preferência pelo atendimento por um veterinário ao invés do profissional farmacêutico.
No que diz respeito à atribuição do farmacêutico, o CRF-BA esclarece que a resolução que publicada, hoje, dia 25 de setembro, no Diário Oficial da União (DOU) e que trata sobre a prescrição farmacêutica, tem como normativa o campo de atuação do profissional farmacêutico. A proposição tem por finalidade atingir os medicamentos isentos de prescrição médica, as plantas medicinais, as drogas vegetais e os fitoterápicos também isentos de prescrição.
No caso de medicamentos que exijam prescrição médica, faculta-se ao farmacêutico o estabelecimento de acordos de colaboração com os prescritores. Essa atuação do farmacêutico mostra-se fundamental considerando aspectos como o avanço das doenças crônicas não transmissíveis (DNCT) no Brasil. Estudos recentes demonstram que estas enfermidades constituem o problema de saúde de maior magnitude no País. Atingem fortemente camadas pobres da população e grupos vulneráveis, correspondendo a 72% das causas de mortes e de 75% dos gastos com atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS).
Imagine um mundo onde estejam extintas, por decreto, as exigências de qualquer tipo para se atuar numa área profissional. Isso mesmo, um mundo onde qualquer um possa exercer a Medicina, ou a Advocacia, a Engenharia, a Química, a Odontologia.
A nossa sociedade do século XXI não é esta, nem tampouco a idealizada em filmes de ficção científica na qual, basta pousar as mãos sobre um corpo adoecido para restabelecer a saúde. Assim, não podemos prescindir das profissões.
O farmacêutico ao lado de outros profissionais, responde – não por lei, mas por conhecimento e domínio do processo – por todas as etapas de produção dos medicamentos disponíveis no mercado. Sem estes profissionais não existiriam os medicamentos que tanto tem beneficiado a humanidade. O medicamento é um produto que pode salvar vidas, ou ceifá-las.
Assim, ressaltamos que o senhor Raimundo Varela desconhece totalmente a responsabilidade do profissional farmacêutico ou está sendo leviano nas suas colocações em veículo de comunicação de massa.
O farmacêutico não esta na farmácia apenas por uma exigência legal, mas como garantia da qualidade dos fármacos. A presença do farmacêutico na farmácia é uma conquista da categoria, mas que beneficia toda a sociedade. Estamos na farmácia para orientar a população e impedir a venda e o uso indiscriminado deles, já que os índices de intoxicações por uso indevido de medicamentos são alarmantes no Brasil.
Medicamento não é mercadoria – o farmacêutico é um profissional de saúde, a farmácia é um estabelecimento de saúde e o medicamento um insumo de saúde. Por isso, lutamos para que o Brasil tenha uma Política Nacional de Assistência Farmacêutica, que tem como diretriz o acesso adequado ao medicamento, para uma finalidade específica, em dosagem correta, por tempo adequado e cuja utilização racional tenha como conseqüência a resolutividade das ações de saúde.
Nesse sentido, o Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia (CRF-BA), ao lado do Sindicato dos Farmacêuticos do Estado da Bahia, tem lutado para que o Estado brasileiro promova políticas públicas que garantam a todos o acesso ao medicamento e aos serviços de saúde. Temos mobilizado os farmacêuticos em simpósios, seminários e congressos para debater as questões relativas à profissão e a sua aproximação das necessidades sociais.
É necessário profissões regulamentadas que protejam o trabalho, o trabalhador e a sociedade na oferta de serviços qualificados.
O Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia solicita direito de resposta na defesa pública das nossas atribuições.