Após acusações, GSK muda postura
Enquanto tenta reparar imagem envolvida em casos de corrupção na China, farmacêutica britânica vai descartar as metas individuais de vendas para seu staff comercial
De acordo com um plano apresentado na última segunda-feira (dia 16) aos executivos, a GSK deverá eliminar as bonificações atreladas ao uso de seus medicamentos prescritos por médicos visitados por seus representantes de vendas. Em vez disso, as gratificações estarão ligadas à melhoria dos cuidados com pacientes e ao desempenho da companhia como um todo. A medida é considerada uma novidade na indústria farmacêutica.
Nos próximos dois anos, a companhia também deverá deixar de pagar honorários de conferências para médicos que não pertencem à companhia mas dão palestras sobre seus medicamentos a outros médicos e financiar viagens de médicos para conferências – somas que chegariam a mais de 50.000.000 libras por ano (19.200.000.000 reais! Nota do CRF-Bahia).
Segundo o diretor-presidente da GSK, Andrew Witty, o objetivo é melhorar de acordo com o que a sociedade quer e também refletir o ‘uso moderno da tecnologia’ (sic).
Witty insistiu que as reformas estavam sendo planejadas há muito tempo e estão menos relacionadas aos problemas na China e mais a reformas amplas na GSK, incluindo a transparência, o acesso a medicamentos e a adoção da tecnologia da informação.
As medidas deverão levar à perda de alguns funcionários da área comercial da GSK e médicos que dependem do apoio da companhia para seus próprios estudos de medicina, na ausência de fontes alternativas de financiamento.
Mas as companhias farmacêuticas estão sob um processo de análise das práticas de comercialização que desencadearam em investigações das autoridades reguladoras de todo o mundo, além dos EUA e do Reino Unido, como resultado de suas leis de combate à corrupção.
Em um cenário em que há um aumento das multas impostas pelas autoridades dos EUA às farmacêuticas nos últimos anos, a GSK recebeu uma penalidade recorde de US$ 3 bilhões por ter comercializado durante anos produtos para usos não autorizados, e negociado com médicos práticas que incluíam estadias em resorts de luxo.
Em julho, as autoridades chinesas informaram que a companhia de fato subornou médicos e autoridades para que eles receitassem seus produtos, com o dinheiro sendo canalizado via agentes de viagens.
Sobre os esforços voluntários das farmacêuticas para conter excessos e também com o atual sistema de multas reguladoras, os críticos do setor se mostram céticos. Tim Reed, presidente do regulador europeu Health Action International, elogiou as medidas, mas disse que é ‘como designar seu próprio dever de casa. A única maneira de controlar adequadamente a promoção é a regulamentação fiscalizadora forte do estado’.
Fonte: Diagnóstico Web